quinta-feira, 4 de abril de 2013

Estratégias em gestão: alguns fundamentos.

O modo de dizer ou fazer alguma coisa é tão importante quanto aquilo que é dito ou feito. Quantas vezes discordamos da atitude ou do discurso de alguém muito mais pela forma do que pelo conteúdo. Aliás, especialistas em comunicação defendem que forma e conteúdo compõem uma unidade indissociável. Inúmeras propagandas comerciais usam e abusam desse princípio.

Essa ideia está relacionada a um importante tema: escolha de estratégias para desenvolver a gestão numa escola. Estratégia é entendida aqui como um encadeamento de decisões e ações buscando alcançar metas estabelecidas em um plano de ação. Em outras palavras: alcançar uma situação futura considerada solução para problemas existentes ou reforço para êxitos já obtidos.

Ao fazer essas escolhas, precisamos prestar atenção a dois aspectos essenciais. O primeiro: reconhecer que qualquer estratégia depende fortemente dos recursos disponíveis para quem está formulando e/ou executando um plano de ação. Sabemos bem: nem sempre existem recursos (políticos, legais, culturais, econômicos e outros) suficientes para transformar as intenções em realidades.

O segundo: é preciso considerar que outros atores sociais (por exemplo: professores, alunos, pais, funcionários, autoridades superiores) também criam situações para alcançar seus objetivos. Deduz-se, portanto, que uma estratégia é sempre uma questão de poder e depende da correlação de forças entre os diversos sujeitos envolvidos na instituição escolar.

Carlos Matus, autor do Planejamento Estratégico Situacional, agrupa os meios estratégicos em algumas categorias. Minhas experiências e estudos indicam que as mais usuais na gestão das escolas são as seguintes:

1. IMPOSIÇÃO – mediante o uso de autoridade hierárquica, alguém estabelece determinações e diretrizes obrigatórias para todos os demais integrantes da instituição.
2. PERSUASÃO – um participante consegue convencer outros sobre seus objetivos e ideias, obtendo apoio sem ceder ou mudar nada do que está propondo.
3. NEGOCIAÇÃO – os envolvidos na situação conseguem compor acordos considerados bons para todos. Geralmente implica em fazer concessões pelos participantes. Pode ser uma negociação cooperativa (todos saem ganhando), conflitiva (uma parte ganha e outra perde) ou mista (combinação das duas anteriores, considerando os diversos aspectos envolvidos na situação.)
4. MEDIAÇÃO – há circunstâncias em que a atuação de um mediador é a melhor forma para solucionar algum conflito. Em geral, acontece quando ceder alguma coisa tem um preço muito alto, mas os participantes não querem partir para uma confrontação.
5. CONFRONTO – quando um participante ou um grupo submete os demais aos seus objetivos e ideias, mediante uso ou ameaça de uso de força por quem é ou se considera mais forte.
6. GUERRA – há medição violenta de forças, no plano físico ou psicológico, pois alguém decide impor arbitrariamente suas ideias aos demais integrantes da situação.

No exercício dos cargos de direção, coordenação, supervisão, orientação, quantas vezes optamos por usar estratégias sem ter os conhecimentos necessários para fazer escolhas adequadas e eficientes! No momento em que escrevo este texto, relembro que nem sempre tive a imprescindível consciência sobre o que estava selecionando como meio para alcançar metas e objetivos.

Acredito que um aspecto primordial na formação de gestores escolares seja a ampliação e o aprofundamento das reflexões sobre esse tema. Com o intuito de ajudar nesse estudo, indico duas fontes:
1. O livro O método PES: entrevista com Matus. O autor é Franco Huertas e a editora é a FUNDAP (São Paulo), publicação em 1996.
2. Minha dissertação de mestrado O trabalho pedagógico não docente na escola: um ensaio de monitoramento. Dedico um capítulo para discutir o assunto na dissertação defendida em 1995 na Faculdade de Educação da USP.

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