quarta-feira, 25 de setembro de 2013

UNANIMIDADE OBSCENA.

Saiu no noticiário: os 27 governadores dos estados e do distrito federal, por unanimidade, estão articulando uma revisão dos cálculos do piso salarial mínimo dos professores em todo o país. Estão achando muito alta a porcentagem prevista na legislação. E querem diminuir...

Que políticos queiram reduzir os aumentos dos salários dos professores não é novidade para ninguém, certo?

Agora, essa unanimidade é revoltante. Alguém já viu uma unanimidade assim para qualquer outra questão das políticas públicas?

Vamos ver qual vai ser a posição dos senadores e deputados... Quem arrisca predizer esse futuro?

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Educação integral – estamos avançando.

A Fundação Itaú Social divulgou ontem uma pesquisa realizada pelo instituto Datafolha sobre Educação Integral no Brasil. Nos dias 18 e 19 de abril passado, foram entrevistadas 2.060 pessoas com 16 anos ou mais (segundo o IBGE, a população brasileira dessa faixa etária chega perto de 149 milhões). Os entrevistados residem em 132 municípios.

Alguns resultados chamaram fortemente minha atenção. Começando por este: 63% das pessoas entrevistadas declararam já ter ouvido falar em Educação Integral. E mais: nove em cada dez entrevistados acreditam que é necessária. E ainda: 68% não percebem desvantagens nessa estrutura educacional.

Resultados realmente estimulantes para os educadores que acreditam na importância dessa mudança em nossas escolas, especialmente as públicas. É verdade que grande parte dos entrevistados associa apenas ao aumento de carga horária para que crianças e adolescentes realizem atividades extracurriculares. Sabemos que Educação Integral é muito mais, trata-se de uma autêntica reestruturação curricular de toda a educação básica. De qualquer forma, a pesquisa confirma, a meu ver, que o caminho é esse mesmo.

Se você deseja conhecer todo o relatório da pesquisa, veja no endereço:
http://www.fundacaoitausocial.org.br/_arquivosestaticos/FIS/pdf/pesq_eduintegral.pdf

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Ciclos ou Séries?

O Secretário de Educação do Estado de São Paulo e um assessor publicaram no dia 03/09 no jornal Folha de São Paulo artigo informando e justificando diversas medidas que estão sendo tomadas para, segundo os autores, promover melhorias na qualidade educacional das escolas estaduais.
Um parágrafo chamou minha atenção, em particular: “Escola de qualidade social, qualquer que seja sua organização, é a que responde às urgências da sociedade brasileira neste início do século 21. É aquela na qual as demandas dos alunos constituem o principal referencial para desenvolver práticas curriculares direcionadas a aprendizagens significativas.”
A expressão “qualquer que seja sua organização” foi a causa de meu espanto. Os autores se referiam à estrutura do ensino: em séries ou em ciclos. E argumentam: “Mas a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo há muito entende que a forma de organização do ensino por si só não determina o sucesso da aprendizagem escolar nem a qualidade social da escola.”

Tenho que discordar. E justifico minha posição: uma escola seriada – que implica, por definição, na aprovação ou retenção dos alunos no final de cada ano letivo – é um dos empecilhos mais potentes para alcançar a qualidade social sugerida pelos autores no primeiro parágrafo transcrito acima. Herança do paradigma de escola tradicional que predominou no sistema educacional brasileiro até muito pouco tempo, a seriação já comprovou à exaustão seu caráter seletivo.

A organização da escola em ciclos, por seu lado, mostrou que possibilita práticas curriculares direcionadas a aprendizagens significativas muito mais consistentes e eficazes. Entretanto, para obter esses resultados é preciso respeitar alguns requisitos. Aponto os três que considero mais importantes:
1. O aluno precisa ser continuamente acompanhado durante toda sua escolarização e não apenas no final de cada ciclo para saber ser será aprovado para o próximo ou não.
2. Identificada alguma dificuldade de aprendizagem, o aluno deve receber imediatamente o apoio, reforço, recuperação ou qualquer outro mecanismo de superação. Dessa forma, seus avanços não ficarão impedidos e, no final de cada ciclo, estará apto para seguir adiante. Essa é a sistemática que concretiza a progressão continuada (eliminando a promoção automática e seus efeitos desastrosos para a formação das crianças e jovens).
3. As escolas e os seus educadores precisam ter garantidas as condições e os recursos necessários para efetivar o acompanhamento constante e promover o apoio imediato para TODOS os alunos com alguma dificuldade de aprendizagem.
Finalmente, não é qualquer organização do ensino que vai contribuir para a qualidade social da escola pública. A escolha entre ciclos e séries é uma opção política e, como tal, influencia decisivamente os processos educacionais.