quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Escolas unitárias... aprendizagens para gestão escolar participativa - 2

2. Quais os significados mais relevantes de gestão participativa?
A gestão participativa adquire sentido quando está comprometida com a eficiência e eficácia da organização escolar. Elas sustentam a qualidade da educação básica, um direito fundamental de cidadania, que tem sido negado a uma ponderável parcela de crianças e jovens, em nosso país. As escolas brasileiras têm um compromisso histórico inadiável: atuar com eficiência e alcançar eficácia para atingir a permanência de todos os alunos na escola, com qualidade educacional.
Estou considerando eficiência como o funcionamento adequado para atingir os objetivos indicados pela equipe escolar no Projeto Pedagógico da escola. E eficácia como o alcance dos resultados socio-educacionais esperados.
Os conflitos, inerentes aos processos de gestão, derivam de diferentes interesses dos diversos participantes das organizações. Dessa forma, a eficiência e a eficácia de uma escola dependerão das decisões e ações de seus membros e não de definições impostas por seus gestores.
Nesse contexto, cresce a importância das relações entre os diferentes atores da unidade escolar. Seres humanos e, como tal, seres em permanente formação, os educadores reforçam ou dificultam a gestão compartilhada, dependendo de como se relacionam.
Nas relações cotidianas, tanto os educadores gestores quanto os docentes se vêem envolvidos em densos processos de exposição de sua subjetividade, seus valores, seus conhecimentos, seus procedimentos e suas atitudes. Dessa exposição, podem resultar diferentes desdobramentos.
Os educadores dirigentes, tradicionalmente incumbidos de atuar sozinhos na gestão da escola, perdem parcelas de seu poder. Essa perda não ocorre sem seqüelas para o sujeito e para sua subjetividade, interferindo em seu equilíbrio emocional e pondo em cheque suas convicções, seus conhecimentos e suas experiências anteriores.
Por outro lado, para os docentes o fenômeno pode ser inverso. Passam a assumir parcelas de poder a eles vedadas, no paradigma de gestão não participativa. Essa ampliação também introduz mudanças significativas para eles. Exemplificando: decisões criticadas pelos professores, quando tomadas exclusivamente pela direção da escola, transformam-se em preocupações, ao serem assumidas pelo grupo de docentes. Alguns acabam reconhecendo (dolorosamente, às vezes) a inconsistência de suas críticas anteriores.
As mesmas reflexões podem ser feitas quando são focalizados outros atores escolares: os alunos, os pais, os funcionários, as lideranças da comunidade próxima.
A responsabilidade em desencadear e manter processos coletivos de gestão não pode ficar restrita aos que ocupam cargos de direção ou coordenação, mas permeia as relações entre todos os atores escolares.
Pode-se inferir dessa idéia o quanto o fortalecimento do desempenho individual e coletivo contribui para o alcance de patamares progressivamente mais elevados da qualidade social da educação, função primordial da escola e, em última instância, situação desejada pelos educadores conscientes de seu papel social.

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