segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

ENEM, PISA, Prova Brasil... OK, mas não só!

De algumas décadas para cá as escolas brasileiras têm sido inundadas pelos inúmeros e muitas vezes controversos resultados de medidas de avaliação elaboradas e aplicadas por órgãos e instituições externas a elas.

ENEM, Pisa, Prova Brasil e tantas outras siglas produzem uma variedade de pontuações que, na maioria dos casos, mais confundem e atrapalham a efetiva avaliação das escolas. Quando não servem apenas para publicar custosos anúncios na época de matrícula.
Professores e dirigentes de escolas públicas e particulares, por processos e motivos diferentes, acabam ficando igualmente submetidos a uma lógica de avaliação que não considera as suas especificidades.

Durante muitos anos de minha trajetória de gestor escolar, trabalhei a partir da convicção de que somente os educadores profissionais seriam capazes de saber como educar as novas gerações. Eu e muitos outros colegas de profissão.
Consequência: as considerações, ideias e sugestões de pais de alunos, de órgãos de supervisão dos sistemas governamentais, do mundo corporativo e de tantas outras pessoas eram solenemente rejeitadas...

Entretanto, aos poucos, fui me revendo. De 1996 a 2006, fui professor da disciplina “Avaliação e Medidas Educacionais” na Faculdade de Educação da PUCSP. Meus alunos foram meus mestres nesse quesito (e em alguns outros, também). Quando questionavam essa postura, apresentavam argumentos que me fizeram admitir que os educadores e as escolas precisam efetivamente considerar o que lhes é apresentado pela sociedade.
Daí a aderir à necessidade da avaliação externa foi um passo. Hoje penso que todos esses sistemas de verificação de resultados dos processos educacionais são válidos, ainda que necessitem de melhorias de várias ordens.

Mas, nem tanto ao mar... nem tanto à terra. Penso que muitos de nós estamos cometendo um novo erro: subjugar a docência e a gestão a indicadores elaborados, executados e analisados exclusivamente por profissionais ou órgãos externos.

É preciso desenvolver em cada escola um processo próprio de avaliação de SEUS resultados, à luz do SEU projeto pedagógico e tendo em vista a realidade de SEUS alunos e da SUA comunidade.

E, em seguida, confrontar esses elementos colhidos internamente com os externos para conhecer mais profundamente a situação da escola e definir metas para seu crescimento. Metas que tanto atendam as singularidades de cada unidade como as necessidades mais amplas das famílias, dos governos, do mundo corporativo, da sociedade, enfim.

2 comentários:

  1. Sou professor universitário e delegado de polícia, atualmente atuando como Superintendente de Segurança Pública em MS, portanto em gestão. A leitura do texto me remete à filosofia de Polícia Comunitária que aqui adotamos. Aproximação dos gestores das polícias com a comunidade para dela extrair suas demandas, seus anseios, suas reais necessidades. Coletada essa gama de dados, cotejo com diretrizes técnico científicas de Segurança Pública e a partir de então, criação de políticas públicas de segurança que contemplem os anseios da sociedade e os princípios técnicos científicos da atividade pública. Aqui tem dado muito certo, e é possível, por analogia, estabelecer uma doutrina de educação comunitária para proporcionalizar as duas vertentes, quais sejam, social e científica. a propósito, não escrevi lá no começo. O Prof. Carlos Luiz é o meu papai.... abraço.

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    1. É esse mesmo o paradigma de gestão competente, moderna e transparente do qual estamos falando. Associando os avanços científicos e tecnológicos conquistados por toda a humanidade com as especificidades e particularidades de cada comunidade humana. Vale para segurança pública, para educação, para saúde... enfim, para todas as atividades de gestão.
      Uma grande alegria ver que também nesse aspecto nós, pai e filho, temos sintonia.
      Fiquei muito honrado com seu comentário, meu filho.
      Grande abraço.

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