quinta-feira, 2 de maio de 2013

Participação e eficiência: escolhas difíceis.

Como diretor de escola, vivi muitas vezes um dilema: escolher entre incentivar a participação da comunidade ou assegurar a eficiência da gestão. Há inúmeras ocasiões nas quais o tempo necessário para levar em conta as contribuições de todos nem sempre é compatível com a eficiência necessária.

Lembrei-me dessas experiências quando participei, na semana passada, de uma reunião sobre gestão nas escolas públicas, coordenada pelo CONSED e CENPEC (*). O objetivo foi “...estabelecer um encontro de diferentes vozes para discutir aspectos das competências contemporâneas do gestor e da equipe escolar prioritárias para promover a aprendizagem efetiva dos alunos das escolas públicas brasileiras.”

As contribuições dos participantes – diretores de escola, especialistas, representantes do MEC, secretarias de educação e diversos institutos - visavam “... subsidiar a reestruturação do curso virtual PROGESTÃO do CONSED, que foi produzido em 2000 por acadêmicos de universidades públicas de diferentes estados do Brasil.”

Esse encontro reavivou minhas reflexões sobre dois aspectos fundamentais na formação de gestores escolares: a competência de mobilizar pessoas em torno do projeto pedagógico e o uso intensivo da tecnologia digital.

Mobilizar pessoas está associado ao conceito de gestão participativa. O ser humano se interessa e atua de fato em projetos quando os reconhece também como seus. Quando percebe claramente que os projetos podem trazer soluções para alguns dos seus problemas e a pessoa se vê como co-autora, conquistando espaços para formular, desenvolver e avaliar as atividades.

No caso das escolas públicas, os especialistas participantes da reunião destacaram como fundamentais os mecanismos de fortalecimento do trabalho coletivo, como os Conselhos de escola, as APMs e os Grêmios estudantis.

O uso da tecnologia digital remete ao conceito de gestão eficiente. São cada vez maiores as possibilidades de aumentar a eficiência dos processos de gestão com o manejo competente do imenso arsenal oferecido pela informática.

Alguns aspectos nos quais esses recursos podem ajudar: acompanhamento do ensino e aprendizagem, organização dos serviços de infra-estrutura, monitoramento dos planos de gestão, comunicação com alunos, pais, professores e funcionários, relações com os órgãos de supervisão.

Conciliar gestão participativa com gestão eficiente é um dos desafios mais constantes e fortes no cotidiano de diretores e coordenadores. Vencer esse desafio pode se transformar em uma grande diferença na vida dos milhares de alunos que têm, na escola pública, a única oportunidade de formação integral para o exercício pleno de sua cidadania. No próximo texto, vou sugerir alguns caminhos para alcançar essa vitória.
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(*) CONSED - Conselho Nacional de Secretários de Educação.
CENPEC – Centro de estudos e pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária.

2 comentários:

  1. Prof. Carlos Luiz, muito bom suas considerações sobre a gestão participativa enfocando o trabalho coletivo e as tecnologias como estratégia que contribuam para que ocorra de fato a democracia e consequentemente nos transforme em protagonista em prol da sociedade que queremos. Inclusive vou aproveitar para usar seu texto com meus alunos na próxima aula. Justamente exemplificando como o senhor usou a tecnologia para democratizar as informações com transparência do que tem sido debatido atualmente.

    Abraços e muito obrigada

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    1. Prezada Suzana,
      Fico muito satisfeito de poder colaborar com as suas reflexões e de seus alunos. Quem sabe você pode me contar como foi a discussão na sua próxima aula. Vai ser muito positivo.
      Grande abraço.

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