quarta-feira, 8 de maio de 2013

Participação e eficiência: alguns caminhos.

No texto anterior, afirmei: conciliar gestão participativa com gestão eficiente é um dos desafios mais constantes no cotidiano dos dirigentes escolares. E prometi sugestões para construir essa conciliação. Vamos a elas.

Penso que o dilema participação X eficiência é falso. A aparente contradição entre ambos pode ser superada por um movimento de oscilação. Imagine a representação da ideia: uma linha cujas extremidades simbolizam a participação e a eficiência.
Eficiência_________________________________Participação

Cada decisão situa-se em algum ponto da linha, tendendo ora para um pólo ora para outro, de acordo com as escolhas adotadas. Desse modo, a atuação dos gestores se caracteriza por uma constante oscilação entre o incentivo ao trabalho coletivo e a conquista dos resultados esperados. Como estamos falando de uma instituição educacional, as consequências desse movimento têm caráter sócio-político e pedagógico indiscutivelmente relevante.

Surge então uma pergunta muito pertinente: que critérios assumir para fazer essas escolhas? São muitos, todos nós sabemos. Aqui, vou indicar o mais fundamental, segundo minha visão: a opção por um ou outro pólo precisa significar um reforço concreto para a APRENDIZAGEM DE TODOS os participantes da escola.

Evidentemente, a aprendizagem dos alunos é a mais relevante. Afinal, as escolas existem para atingir esse objetivo. Um diretor ou coordenador, diante da necessidade de optar por tender mais para um lado ou outro, refletirá em que medida a escolha fortalece as aprendizagens dos educandos sob sua responsabilidade.

Inúmeras vezes tive que enfrentar essa situação e houve ocasiões nas quais minhas decisões ou ações foram rejeitadas, inclusive pelos alunos. Lembro-me da forte reação contrária assumida por um aluno e seu pai, diante da determinação de impedir a entrada em um exame vestibular simulado, realizado pela escola com o objetivo de treinar os jovens para a situação real, na qual qualquer atraso elimina o estudante.

Tivemos um áspero debate: eles argumentavam que se tratava de uma “simples simulação” e, portanto, deveria haver alguma concessão, tendo em vista que o atraso fora menor do que cinco minutos. Se aceito esse argumento, o pólo “participação” seria privilegiado.

Eu contestava, insistindo na estrita observância da norma, naquele momento, pois era uma oportunidade de aprendizagem para evitar futuros problemas. Essa posição reforçava a tendência “eficiência”.

No final, acabou prevalecendo minha posição. Afinal, eu estava investido do poder de diretor da escola. E tinha consciência de que o desfecho do conflito influenciaria comportamentos de outros alunos, professores, pais, funcionários. Ou seja, cada decisão ou ação de gestão está sempre inserida em um contexto mais amplo. Essa constatação reforça a necessidade das parcerias no exercício da direção ou coordenação, porque, se estivermos isolados, temos fortes dificuldades para promover o movimento de oscilação.

Por fim, é necessário lembrar que as aprendizagens dos demais participantes da escola também são relevantes para nortear as escolhas. Os professores, os pais, os funcionários e os dirigentes se tornarão cada vez mais competentes em suas atividades educativas quando cuidam continuamente de suas aprendizagens, de sua formação.

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